O colágeno além da função biomecânica

Colágenos são o mais abundante grupo de macromoléculas orgânicas dentro de um corpo. Os diferentes tipos de Colágenos desempenham importantes funções mecânicas, particularmente nos tecidos conjuntivos como ossos, tendões, fáscia muscular, cartilagens articulares etc. A fibra de colágeno provê muitas das propriedades biomecânicas essenciais para o funcionamento dos tecidos e até de sistemas de órgãos.

Os colágenos também exercem funções importantes no microambiente celular e estão envolvidos no armazenamento e síntese de mediadores celulares (fatores de crescimento). Todos estes aspectos tornam o colágeno um alvo interessante para o desenvolvimento de ferramentas de intervenção farmacológica.

Uma matriz colagênica apropriada em sua composição e organização molecular é o alvo de muitos processos de reparo tecidual. Estes processos ocorrem naturalmente em vários tecidos como, tratamentos de união óssea pós-trauma, defeitos de cartilagens, cirurgias de enxertos entre outras. Isto é muito mais óbvio para todos os tecidos conectivos e, particularmente ossos e cartilagens onde o colágeno fornece a maior “espinha dorsal funcional” destas estruturas. Pode ser considerado como característica adicional sua degradação biológica, baixa imunopatogenia e a possibilidade de ser isolada em larga escala difundindo assim o interesse pela indústria médica, cosmética e alimentícia.

A formação de um microambiente pericelular definido é importante para a integridade da própria célula, como o colágeno IV nas cartilagens articulares, e, presumivelmente nos ossos. Além dos aspectos biomecânicos, contudo, os colágenos são também envolvidos em uma abundância de funções adicionais. Receptores específicos medeiam a interação entre colágenos, como fazem as integrinas, RTKs (receptores de tirosino-quinase) discodin-domain, glicoproteína IV ou receptores especializados de proteoglicanas em geral. Sinalizando por estes receptores, são definidos processos de adesão, diferenciação, crescimento, REAÇÕES CELULARES e também a sobrevivência celular por vários meios.

As fibras colágenas contribuem para o armazenamento local e entrega de fatores de crescimento e outras citocinas e sendo assim, faz um importante papel no desenvolvimento dos órgãos, cicatrização e reparo tecidual. O colágeno tipo I demonstrou se ligar à decorina (RPK), e assim bloquear indiretamente a ação do TGF-B dentro do tecido. Também se ligam a numerosos outros atores de crescimento e citocinas como IGF-I e II, pois ligados a elas, representam a maior reserva deste fator de crescimento no corpo.

Colágenos são muito relevantes para certas reações celulares. Este potencial de ligação do colágeno aos fatores de crescimento e citocinas os qualificam não somente como moléculas, mas também como veículos para entrega de FATORES TERAPÊUTICOS.

Recentemente, evidências que colágenos são envolvidos em mais funções sutis e sofisticadas que somente a arquitetura da matriz extracelular. Fragmentos de colágenos IV, XV e XVIII mostraram suas funções biológicas influenciando a angiogênese e originando tumores, esta função pode não somente ficar limitada a estes processos, mas também influenciar várias reações celulares. Estes fragmentos (Matricriptinas-matricryptins) podem gerar grande interesse na indústria farmacêutica na busca por novas estratégias de tratamentos com menores riscos dose/dano.

 

Fonte – Rafael César – Doutor pH